Procura-se na Quitanda

sábado, 5 de novembro de 2011

Cia Cabelos de Maria

Um grupo talentosíssimo de artistas dispostos a propagar a cultura brasileira de sua forma mais genuína, apresentando os cantos de trabalho das lavadeiras e trabalhadores da roça de antigamente. Uma coisa linda! Bom gosto, sutileza, delicadeza e ótimas percepções musicais, fazendo muito com pouco.
Em 2009 eles começaram a divulgar o Projeto "Cantos de Trabalho". Foram diversas apresentações, inclusive pelo circuito Sesi e Sesc de cultura. Foram à várias cidades levar esse conhecimento e a preciosidade desse trabalho, que mesmo sendo brasileira, não tem muitos adeptos por aqui.
Um composto de vozes afinadas com característica de coro e instrumentos em momentos estratégicos. Música elegante e de bom gosto. O mais bonito é vê-los tocando e encenando cada momento dos cantos, que contam uma história, uma perda, a dor do sertão ou a grandeza da chegada na cidade grande. Devia ser matéria obrigatória, porque é uma das melhores maneiras de divulgar o Brasil de sua forma mais sincera e sem máscaras.
Para chegar ao conteúdo final do que virou um CD e uma apresentação de palco, foram anos e anos de estudo por todo interior desse Brasil, pesquisando cada tradição, cada grupo de lavadeiras, rendeiras, roceiros e demais trabalhadores.
A cantora e pesquisadora Renata Mattar, encabeçou os estudos por mais de dez anos. Viajou pelo interior de várias regiões do nosso Brasil com intenção de recolher e principalemnte de eternizar as cantigas de trabalhadores. Foi das viagens que ela trouxe todo repertório das destaladeiras de fumo de Arapiraca; das descascadeiras de mandioca de Porto Real do Colégio, no Alagoas; das plantadeiras de arroz de Propriá - SE; das colhedoras de cacau de Xique-Xique, na Bahia; das fiadeiras de algodão do Vale do Jequitinhonha - MG; entre tantas outras.
Todos os cantos recolhidos foram gravados pela Cia Cabelos de Maria e arranjados pelo músico Gustavo Finkler. No CD intitulado "Cantos de Trabalho" foram usadas vozes femininas acompanhadas de violão, viola caipira, violino e percussão, em sua maioria regionais. Um trabalho muito lapidado e emocionante, com um misto de cantigas de roda e mantras de trabalho. É muito difícil não ouvir e sair cantarolando por aí!
Em pensar que essas eram as músicas que davam forças aos trabalhadores. Cantando, eles expressavam (e ainda expressam - em menor intensidade) seus sentimentos e arrumavam força para manterem-se abaixo de sol produzindo o que seria seu único ganha pão.
No fim, as cantigas é que se tornavam a principal função dos trabalhadores, que como consequência colhiam, roçavam e lavouravam enquanto cantavam. Muito bonito! Lúdico, mágico, tranquilizante e emocionante! (Pelo menos pra mim, que vejo nessas tradições a maneira mais simples e bonita de encarar a vida e seus acontecimentos).
Bonito de ver a forma como eles tratam o amor, o trabalho e o respeito ao próximo em suas letras todas melodiadas pelas vozes e nada mais. O bacana, foi que a Cia conseguiu introduzir instrumentos nas músicas, sem descaracterizar o perfil tradicional e a voz como ponto principal. (Sim, me ligo em vocais, por isso frizo tanto!).
Não vou citar nenhuma música específica, porque cada uma conta uma linda história de uma tradição, de uma localidade, todas valem a pena!

Para encontrá-los, tem o myspace:
http://www.myspace.com/ciacabelodemaria


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