Procura-se na Quitanda

sábado, 26 de novembro de 2011

Mariana Aydar

Êêê! Ela lançou CD novo, "Cavaleiro Selvagem Aqui te Sigo". Ouvi, reouvi e gostei muito! Ela fez algumas boas versões de músicas já conhecidas. Uma releitura bem trabalhada e interessante, como por exemplo em "Vai vadiar", do Zeca Pagodinho, que ela transformou num tango lindo, com um trabalho de sanfona sensacional, de acalmar os ouvidos.
"Preciso do teu sorriso" também é uma coisa linda, ela fez uma nova versão da já conhecida música de Gonzaguinha e eu achei ótima. A voz calma, os instrumentos compassados, todos acompanhando a melodia vocal, trabalho muito bem feito.
Eu já gosto dela desde "Peixes, Pássaros, Pessoas", adoro esse CD. Também um apanhado de boas releituras, composições próprias e de amigos próximos, que ela sempre traz para seus sons. 
O que eu gosto dela é a vontade de tentar o novo, ela é audaciosa, ela pesquisa, estuda vários sons, revê coisas do arco da velha, pega músicas que os pais gostavam, que marcaram sua infância, vai em sebos e fuça, fuça, fuça, até encontrar algo que a apeteça e a faça criar. Não tem monotonia, ela vira e revira até encontrar referências para seus trabalhos. Tudo dela é bem pesquisado, elaborado e feito com carinho, é o que aparenta, é o que eu sinto quando a escuto e vejo tocar.
Acho que boa parte de todo esse engajamento vem de família, já que ela é filha da produtora musical Bia Aydar, que já produziu Lulu Santos e Luiz Gonzaga, por exemplo. Como se não bastasse, seu pai é o Mário Manga, integrante do Grupo Premê, que promovia em 1979 músicas com arranjos sofisticados, mesclando MPB, Samba de breque, chorinho e até música erudita. 
Então nem precisa dizer que ela sempre teve boas influências e muitos excelentes contatos. Desde pequena estudou canto, cello e violão e já tocou nos palcos com Seu Jorge, Elba Ramalho, Dominguinhos, Arnaldo Antunes e muitos outros ótimos músicos.
Não da para duvidar do seu talento, aliás, ela com seu jeito único consegue ganhar seu próprio espaço sem usar como muletas sua árvore genealógica, outro motivo para admirá-la. 
Para encontrá-la é fácil, seu site está no ar com todas as informações: http://www.marianaaydar.com.br/
As músicas preferidas são muitas, vamos à algumas: Gosto demais de duas do CD "Peixes, Pássaros, Pessoas": "Aqui em Casa" e "Tá", de Pedro Luiz e Roberta Sá (dois que amo!).

Ta? Mariana Aydar

Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Eu vou denunciar a sua ação nefas-
Você amarga o mar, desflora a flores-
Por onde você passa, o ar você empes-
Não tem medida a sua ação imediatis-
Não tem limite o seu sonho consumis-
Você deixou na mata uma ferida expos-
Você descora as cores dos corais na cos-
Você aquece a Terra e enriquece à cus-
Do roubo, do futuro e da beleza augus-

Mas do que vale tal riqueza? Grande bos-
Parece que de neto seu você não gos-
Você decreta a morte, a vida indevis-
Você declara guerra à paz por mais bem quis-
Não há em toda fauna um animal tão bes-
Mas já tem gente vendo que você não pres-
Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Eu vou denunciar a sua ação nefas-
Você amarga o mar, desflora a flores-
Por onde você passa, o ar você empes-
Não tem medida a sua ação imediatis-
Não tem limite o seu sonho consumis-
Você deixou na mata uma ferida expos-
Você descora as cores do coral na cos-
Você aquece a Terra e enriquece à cus-

Mas do que vale tal riqueza?
Grande bos-
Parece que de neto seu você não gos-
Você decreta a morte, a vida indevis-
Você declara guerra à paz, por mais bem quis-
Não há em toda fauna animal, um tão bes-
Mas já tem gente vendo que você não pres-
Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Tá?
Para ouvir, a versão que ela fez de "Preciso do seu sorriso", ficou uma graça!





quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Luiz Gonzaga

Rei dos Reis!
Aqui é a hora de dizer "Tome forró!". Gênio da sanfona e do estilo musical hoje conhecido e respeitado no mundo todo. Foi uma das mais completas figuras da nossa música popular, com seu trio de instrumentos (sanfona, zabumba e triângulo) levou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra para o Brasil e mundo afora, conquistou admiração e respeito até dos avessos ao ritmo.
Suas músicas sempre levavam a realidade nordestina, a pobreza, as injustiças, a vida no sertão nordestino e o orgulho de ser "sujeito homem" para todo resto do país. Numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado, ele representou sua terra e marcou um estilo musical lembrado até hoje.
Sempre foi admirado por grandes músicos e é até hoje. Foi um genial instrumentista e sofisticado inventor de melodias e harmonias, ganhando notoriedade com as eternas composições Baião, de 1947; Siridó, 1948; Juazeiro, uma das minhas preferidas, de 1948 também; Qui nem Giló, Asa Branca e Baião de Dois, só para citar algumas.
Suas músicas dissertavam genuinamente fatos rotineiros de sua vida e das tantas festas realizadas no sertão, além de sempre tratar de amor com muita malandragem e sim, um bucado de machismo (mas dá para levar isso na brincadeira, levando em conta sua fascinação pelas mulheres e seu talento musical de modo geral).
Nasceu em Pernambuco (minha casa! Aiai), era filho de Januário, cabra mais que macho do sertão que tocava acordeão nas horas vagas do trabalho na roça e ensinou Luiz a tocar e concertar o instrumento.
Nunca negou suas raízes nordestinas, foi do exército e cantou todas as suas experiências em música. Só em 1939 é que conseguiu se dedicar de fato à música, e ainda assim sofreu um bucado para conquistar algum espaço. No início da carreira, apenas solava o acordeão em repertórios repletos de choros, sambas e foxtrotes, além de outros gêneros da época. Seu repertório era basicamente composto por músicas estrangeiras que apresentava sem sucesso em programas de calouros. 
Só em 1941, num programa do Ary Barroso é que ele foi aplaudido tocando Vira e Mexe, de sua autoria. Finalmente, o sucesso valeu um contrato com a gravadora que lançou mais de 50 de suas músicas instrumentais. Depois daí, só sucesso! Cada vez mais ele conseguiu levar a cultura nordestina para o mundo e, assim é até hoje, quando suascomposições são tocadas e seu nome é lembrado em referência ao homem vestido tradicionalmente de couro, com seu cata coco na cabeça e sanfona a tira colo. Como queria ter vivido na época em que as festas tocadas por ele levantavam poeira do chão!
Não tem nem como escolher alguma música, são muitas boas. Gosto demais de Cintura fina, um xotezinho gostoso demais pra dançar agarradinho!
Dá para achar boa parte de suas músicas no 4shared e para saber sobre ele, o site http://www.luizluagonzaga.mus.br/index.php
Para baixar cintura fina: http://www.4shared.com/audio/DsQQUU2N/Luiz_Gonzaga_-_Cintura_Fina.htm







sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Clube do Balanço

Sensacional music style! Não tem uma música que não seja boa, é incrível o talento para o samba, groove e funk dessa galera. Batidas pesadas, bem marcadas e muito bem pensadas, cada detalhe é trabalhado no seu máximo, não é pra menos, já que a banda conta com nove integrantes fixos, além das grandes participações em várias de suas apresentações e composições.
A história da banda é legal, é diferente da maioria das formações, onde amigos se encontram e reúnem interesses musicais. Eles surgiram de uma junção de músicos convidados para tocar numa festa, uma única apresentação para acontecer em São Paulo. Isso em 1999. Nenhum dos músicos envolvidos sabia de fato o que iria acontecer, mas aceitaram a divertida empreitada de tocar às escuras.
A ideia inicial era fazer um baile que tivesse além de discotecagem tradicional, uma apresentação de banda ao vivo. A festa rolou na COHAB I, periferia de sampa, onde sempre tocaram muitos bons batuqueiros. A divulgação foi feita no "boca-a-boca" mesmo e alguns cartazes improvisados. Só sei que o negócio lotou tanto que nem cabia todos os vorazes dançarinos de samba rock de qualidade. Era gente que não acabava mais! 
No fim, a coisa deu tão certo que logo eles tiveram que procurar mais espaços para tocar. Foram parar na Vila Madalena, berço do bom samba paulistano (eu aprendi lá, colada na barra da calça do meu pai!) Enfim, foi a partir dai que o Clube do Balanço não parou mais.
A energia e a fluência da banda faz de cada apresentação única e irresistivelmente dançante, até quem não gosta de samba (e bom sujeito não é) arrisca alguns passos! A energia é realmente positiva!
São muitas músicas, várias composições, outros tantos de covers com novos arranjos e participações especiais. Cada letra uma nova ideia, uma percepção diferente e prazerosa de ouvir, sem contar a melodia, perfeita! Sons de metal e baixo pesado são os mais fenomenais, na minha humilde opinião.
Impossível ficar parado, o quadril mexe por espontânea vontade! Escutem e verão, ou melhor, sentirão!
E pra falar de preferida, nossa, são muitas mesmo! Praticamente todos os CDs, todas as faixas, inclusive as bônus. Fica uma aqui, só para atiçar o seu interesse!



 Balanço - Mattoli (Esta música já foi gravada pela Andréia Marquee, o Simoninha já cantou em vários shows, e conta com um arranjo sob medida do Bocato. O Max de Castro diz que ela foi uma das coisas que o inspirou a compor “Samba Raro”)


Quem é que mente quando fala 
Balanço bom e coisa rara
Tem quem faça tem quem jura
Balanço bom é coisa pura
Balanço bom pra qualquer cor, credo ou raça
Indiferente, balanço é bom pra toda gente que faça,
Que tenha raça
Balanço é especial,
Mudando a vida da gente, sem aviso, inconseqüente
Deixando a gente sem saber, o que fazer
Balanço,
É a vida evitando a morte
É a revanche do fraco sobre o forte
É pura sorte, é pura sorte
Balanço que nos leva ao fim da vida
Inevitável, não tem saída (é coisa certa)
É meu limite, é meu limite
E a possibilidade infinita
A mais bonita das canções
É ilusão, é ilusão.

Outra muito muito muito boa é a versão da música do Erasmo, "Sem anjo na multidão". Sensacional! Essa eu coloco em vídeo!










quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Marcelo Camelo



Em espírito de expectativa e ansiedade vou ter que falar do Camelo neste post! Sim, vou vê-lo tocar em seu show do novo CD "Toque dela", uma obra prima de poesia!
As músicas são melancólicas mesmo, ele é assim, sempre foi, tanto no Los Hermanos, quanto sozinho, mas as letras, o cuidado com que ele trata o português, os sentimentos, as suas convicções, as metáforas, tudo muito poético e de bom gosto.
A gente percebe o carinho e cuidado com o trabalho. O disco foi gravado em parceria com a banda paulistana Hurtmold e conta ainda com o piano de Marcelo Jeneci em algumas das faixas.
Outras faixas, Camelo gravou sozinho com baixo, bateria e guitarras, fez de três músicas o literal "Bloco do eu sozinho"! Ficaram bem boas, "Ôô" é uma dessas gravadas só por ele.
Eu acho que o Marcelo tem esse dom com as palavras por conta da sua formação em Jornalismo (Não é jabá não!). Há de se gostar muito da escrita para conseguir escrever tão delicadamente. 
Bom mesmo é saber que além da carreira solo, o Los Hermanos voltará por um sopro de tempo em maio e abril do ano que vem, e eu pretendo comemorar meu aniversário num show deles!
Em entrevista à Folha online sobre o lançamento de seu novo CD, ele desclarou que foi escrevendo o disco sem procurar muito sentido racional no que fazia. Se perdeu da realidade a ponto de ter acreditado que o álbum resultaria muito mais animado do que resultou de fato. Sua declaração: "Falar para o seu inconsciente acaba tornando a parada mais universal", diz. "Se você quiser usar palavras pensadas só para impressionar a galerinha, tudo acaba soando muito provinciano."


Para saber mais sobre ele: http://www.myspace.com/marcelocamelo

As músicas do CD novo são todas poéticas e lindas, vale essa super bonitinha:
Pretinha - Marcelo Camelo
Preta, pretinha
Mania minha de viver
Onde você for
E todo meu gosto
Disposto até o fim eu tô
Onde você for
Lá é onde eu quero estar
Pra a gente se perder amor
Nesse doce tanto faz
Tá tudo bem
Que esse amor só me faz bem
Eu não perco mais meu tempo
Nem me deixo com o vento
Que derruba
Tudo normal
Eu te quero, espero
E deixo meus segredos
E faço nosso, meu e o seu lugar
Ahh...
Dona desse meu
Onde você for
E todo meu gosto
Disposto até o fim eu tô
Onde você for
Lá é onde eu quero estar
Pra a gente se perder amor
Nesse doce tanto faz
E uma outra para ouvir, assim já da para ir conhecendo algumas!




quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Vanessa da Mata

Ela é uma graça! Mulher de força e delicadeza equilibrada. Suas músicas deixam explícitas o romantismo e o fino trato com as palavras, que ela sabe usar muito bem. Usa das músicas para expor suas opiniões, defende a cultura africana e carrega o Brasil no peito como poucos músicos de sucesso fazem.
As parcerias são sempre bem pensadas e as inovações de melodia também. Tem uma levada de samba, as vezes um choro, reggae, algo que ela costuma usar bastante e que por sinal, muito me agrada.
A influência do reggae na vida e nas músicas dela são sempre bem marcantes, já que sua primeira aparição como cantora foi na extinta banda feminina Shalla-Ball, que tocava muito reggae pedrada nos barzinhos de São Paulo! Alguns anos depois, passou pelos vocais da banda de reggae jamaicana Black Uhuru (também merecedora de post por aqui! É bem boa). Em seguida, ainda fez parte do grupo de ritmos regionais Mafuá e neste mesmo período, ainda dividia seu tempo entre as carreiras de jogadora de basquete e de modelo. Nunca parou quieta! Correu atrás desde os 14 anos para conseguir cantar por ai.
Foi reconhecida como compositora e depois, a voz e a presença começaram também a chamar atenção. Daí, fez participações em shows de Milton Nascimento, Bethânia e Baden Pawell.
Depois de tantas participações em outras bandas, em 2002 estava pronta para se lançar em carreira solo com seu primiero CD que levava seu nome como título. O segundo disco, "Essa boneca tem manual" foi lançado dois anos depois, em 2004. "Sim", foi o terceiro CD, lançado em 2007 e gravado entre a Jamaica e o Brasil. Nem preciso dizer que é um dos preferidos! Dois anos depois, veio o "Especial Multishow - ao vivo", que ficou lindo demais! No ano seguinte, em 2010, lançou "Bicicletas, bolos e outras alegrias". 
Ela é mais uma dessas divas da sutileza musical, coisa que me encanta totalmente. A paixão pela natureza, o cuidado com os detalhes, desde a música, até a vestimenta que a representa no palco, muitas vezes confeccionada por ela mesma!
Duas das minhas preferidas são "Joãozinho", composição dela e a versão de "Sou neguinha", do Caetano. Ficou ótima!
Para encontrá-la, é só acessar http://www.vanessadamata.com.br/
A letra vai de "Joãozinho" que é de autoria dela e é super gostosa de ouvir. Gosto das músicas dela, porque são alegres e mesmo as mais românticas tem uma pontinha de risada, uma leveza que só a voz dela consegue alcançar. E claro, minha identificação com ela também se dá pela paixão que ela tem pelas flores e a presença constante das cores em suas composições, capas de disco, roupas, acessórios de cabelo (e que cabelo lindo!) e decoração de shows. 



Vanessa da Mata - Joãozinho (vale a curiosidade, que ela fez essa música para a tia dela, que tem o cabelo sarará, mas não gosta e prefere fazer chapinha...É porque o Brasil é país de alemão, né?! - questionamento da prórpia Vanessa!)
Moça de joãozinho no cabelo
Faz de conta no espelho
Faz de conta no espelho
Abre a porta e vai para o asfalto
Lisa a ponta do cabelo
Alisa a ponta do cabelo
Corre quando começa a chover
Olha só vai enrolar
O cabelo encolher
Vem ver Maria
Vem ver Maria
Joãozinho
Vem ver Maria
Vem ver Maria
De joãozinho



E para ouvir e ver coloco "Sou neguinha", assim trabalhamos com a democracia!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Comadre Florzinha

Uma das bandas que mais sou fiel durante meu caminho de aprendizado com a música. Vozes femininas (o que muito me agrada e encanta) e priorização da percussão como instrumento base para as músicas. Mulheres talentosas e cheias de criatividade que formaram o grupo para exaltar a nossa rica cultura brasileira.
A união começou em Recife, (quando digo que é de lá que vim e pra onde vou!) em 1997, quando Karina Buhr, a percussionista, convidou a cantora Renata Mattar para formar um grupo só com mulheres tendo propositalmente como base as vozes e a percussão. Em seguida, Virgínia Barbosa, Cristina Barbosa e Neida Alves se juntaram à dupla, mas essa união durou pouco tempo e foi só na sequência, com uma segunda formação que a banda começou a fazer shows maiores.
Nessa segunda combinação de afinações estavam Telma César, Alessandra Leão (já citada aqui na Quitanda) e Isaar de França, que antes de gravarem seu primeiro CD "Comadre Florzinha", somaram Maria Helena Sampaio ao grupo.
Depois da banda montada e do primeiro CD esbaldando talentos e criativas composições, elas começaram a se apresentar em diversos circuitos culturais e a representarem a boa música brasileira.
Sim, é fato que no Brasil, o próprio brasileiro não se interessa por sua cultura, o que é uma pena, já que é uma das mais ricas que já pude conhecer. Mas, essas meninas merecem devida atenção. Uma simplicidade e paixão pela música, que arrepia pés e cabelos em sequenciamento de dominó!
Depois acabaram mudando a formação e produzindo mais um CD, "Vou voltar andando", com músicas mais calmas dessa vez. Muito bom também. Sem contar o capricho do desenho da capa e do próprio CD todo transparente com pinceladas de giz pastel, uma obra prima! CDs esses, que eram vendidos nos shows à R$5,00. 
Em 2010 elas estavam na Virada Cultural de São Paulo, um privilégio poder vê-las tocar e cantar. Inspirador.
As influências vem de várias partes do nosso Brasil, cada uma acrescenta a sua maneira uma personalidade única às músicas e à própria banda que conta com uma deliciosa mistura de ritmos como côco, baião e ciranda. (Tudo de mais gostoso para ouvir e dançar).
O legal também, é que elas se revezam no vocal e cada uma se encaixa perfeitamente na música a qual é protagonista. Lindo demais de ouvir! Vale a pena.
Elas se apresentam numa cena mais alternativa, o que é bom para não tirar a originalidade da banda. Acabam participando de Viradas e Projetos Culturais Brasil e mundo à fora. Além das participações em outros projetos de amigos e bandas, como Mundo Livre S/A, Bonsucesso Samba Clube (que em breve estará aqui na quitanda, já que gosto muuuito!), com o Mestre Antônio Nóbrega, entre tantos outros bons músicos.
Uma que eu gosto muito é "Brilhantina", uma linda homenagem às lavadeiras!
Outra que adoro é "Ô Papai", essa deixo a letra! Dá para imaginar a grande roda tocando e toda mulherada em volta dançando fazendo festa! Esse tipo de manifestação é bonita demais! Dá uma energia. Sola do pé em contato com a terra, saias rodadas, girando flores para abrilhantar os caminhos, bom demais!

Ô Papai - Comadre Florzinha

Ô Papai, me dê dinheiro pra eu enfeitar meu balão. Quem quer bem dorme na rua na porta do seu amor. Ô Papai... Da Calçada faz a cama, do sereno, o cobertor. Ô Papai... Você diz que amor não dói, mas amor dói no coração Ô Papai... Tenha um amor ausente arrepare se dói ou não Ô Papai... Eu vou fazer o meu vestido Todo cheio de modelo Cheio de cava e botão E quando eu me vestir nele Vou me embora pro sertão. Voar, voar como um pavão Que é bicho do bico dourado Eu tô namorando um soldado Do bando de Lampião. Ô Papai... Quem me dera, dera, dera, quem me dera pra mim só Ô Papai... Me deitar na tua cama, me cobrir com teu lençol Ô Papai... Eu plantei meu pé de lírio na porta do meu amor Ô Papai... Mas ele não botou água e meu pé de lírio murchou. Ô Papai... Eu vou fazer o meu vestido Todo cheio de modelo Cheio de cava e botão E quando eu me vestir nele Vou me embora pro sertão. Voar, voar como um pavão Que é bicho do bico dourado Eu tô namorando um soldado Do bando de Lampião 



Para encontrá-las, tem myspace http://www.myspace.com/comadrefulozinha




segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Forroçacana


O melhor forró do mundo! Esse é o título do último CD deles. E que com certeza define bem o bom forró; unindo o clássico e necessário com a inevitável interferência do novo.  É um forró moderno muito bem feito, com uso consciente de instrumentos e vocais. 

As letras são bem legais e as versões de outros autores também são bem elaboradas, completas na melodia e cheias de produção instrumental, já que o Duani, vocalista e líder da banda é um multinstrumentista de mão cheia. Ele é simplesmente um gênio musical da atualidade, toca zabumba, bateria, (inclusive fez uma engenhoca e montou a "zabumbateria" uma mistura de zabumba e meia bateria que ele toca enquanto canta. ha, é muita coordenação!) cavaco, pandeiro, triângulo, caxixi, caixinha,  baixos, o derbak, o pandeiro árabe, o violão, além de outros instrumentos percussivos e sua inconfundível voz. É simplesmente mágico - e dedicado, com certeza!A banda, que hoje não existe mais, (infelizmente, para toda dor do meu coração!) surgiu em 1997 no Rio de Janeiro e de cara foi apadrinhada pela Alcione, que já era madrinha do Duani em tempos de cavaco moleque que ele tocava na Escola da Mangueira no auge de seus sete anos de idade. Ele realmente nasceu com o dom musical!
O genial do Forroçacana era a perspicácia musical de todos eles. Todos tem participação na produção, composição, arranjo e direção. Só no segundo CD é que trouxeram uma composição feita  pelo Zeca Baleiro, especialmente para eles: Forró do Malagueta e também cantaram "Hágua", de Seu Jorge, Gabriel Moura e Jovi.
Apesar de manterem-se no estilo que os consagraram, (o forró e suas variações - xote, xaxado, galope e baião)  eles se arriscaram sabiamente e acrescentaram a mistura de outros ritmos, como samba (em Praiana) - que lembra muito o estilo de Jackson do Pandeiro e reggae (em Hágua). Marcos Moleta, não contente com sua performance na rabeca, no bandolim e na guitarra, inventa de tocar a tal "guitarra-cítara" em "O Acaso", o que aponta a inegável semelhança entre as músicas árabe e nordestina, o que, de fato, eu adoro!Logo percebe-se que não tenho uma música favorita e sim várias, então não vou deixar nenhuma aqui. Ouçam todas e dancem muito!Para encontrar as músicas, no 4shared tem quase todas. E site não tem, já que a banda é finada. Fica só a boa lembrança e as boas músicas pra forrozear pelo salão com um par pra lá de prendado nos dotes de pé!

sábado, 5 de novembro de 2011

Cia Cabelos de Maria

Um grupo talentosíssimo de artistas dispostos a propagar a cultura brasileira de sua forma mais genuína, apresentando os cantos de trabalho das lavadeiras e trabalhadores da roça de antigamente. Uma coisa linda! Bom gosto, sutileza, delicadeza e ótimas percepções musicais, fazendo muito com pouco.
Em 2009 eles começaram a divulgar o Projeto "Cantos de Trabalho". Foram diversas apresentações, inclusive pelo circuito Sesi e Sesc de cultura. Foram à várias cidades levar esse conhecimento e a preciosidade desse trabalho, que mesmo sendo brasileira, não tem muitos adeptos por aqui.
Um composto de vozes afinadas com característica de coro e instrumentos em momentos estratégicos. Música elegante e de bom gosto. O mais bonito é vê-los tocando e encenando cada momento dos cantos, que contam uma história, uma perda, a dor do sertão ou a grandeza da chegada na cidade grande. Devia ser matéria obrigatória, porque é uma das melhores maneiras de divulgar o Brasil de sua forma mais sincera e sem máscaras.
Para chegar ao conteúdo final do que virou um CD e uma apresentação de palco, foram anos e anos de estudo por todo interior desse Brasil, pesquisando cada tradição, cada grupo de lavadeiras, rendeiras, roceiros e demais trabalhadores.
A cantora e pesquisadora Renata Mattar, encabeçou os estudos por mais de dez anos. Viajou pelo interior de várias regiões do nosso Brasil com intenção de recolher e principalemnte de eternizar as cantigas de trabalhadores. Foi das viagens que ela trouxe todo repertório das destaladeiras de fumo de Arapiraca; das descascadeiras de mandioca de Porto Real do Colégio, no Alagoas; das plantadeiras de arroz de Propriá - SE; das colhedoras de cacau de Xique-Xique, na Bahia; das fiadeiras de algodão do Vale do Jequitinhonha - MG; entre tantas outras.
Todos os cantos recolhidos foram gravados pela Cia Cabelos de Maria e arranjados pelo músico Gustavo Finkler. No CD intitulado "Cantos de Trabalho" foram usadas vozes femininas acompanhadas de violão, viola caipira, violino e percussão, em sua maioria regionais. Um trabalho muito lapidado e emocionante, com um misto de cantigas de roda e mantras de trabalho. É muito difícil não ouvir e sair cantarolando por aí!
Em pensar que essas eram as músicas que davam forças aos trabalhadores. Cantando, eles expressavam (e ainda expressam - em menor intensidade) seus sentimentos e arrumavam força para manterem-se abaixo de sol produzindo o que seria seu único ganha pão.
No fim, as cantigas é que se tornavam a principal função dos trabalhadores, que como consequência colhiam, roçavam e lavouravam enquanto cantavam. Muito bonito! Lúdico, mágico, tranquilizante e emocionante! (Pelo menos pra mim, que vejo nessas tradições a maneira mais simples e bonita de encarar a vida e seus acontecimentos).
Bonito de ver a forma como eles tratam o amor, o trabalho e o respeito ao próximo em suas letras todas melodiadas pelas vozes e nada mais. O bacana, foi que a Cia conseguiu introduzir instrumentos nas músicas, sem descaracterizar o perfil tradicional e a voz como ponto principal. (Sim, me ligo em vocais, por isso frizo tanto!).
Não vou citar nenhuma música específica, porque cada uma conta uma linda história de uma tradição, de uma localidade, todas valem a pena!

Para encontrá-los, tem o myspace:
http://www.myspace.com/ciacabelodemaria


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Bless Fya

"Só quem tem o dom: coragem". Essa é uma das melhores frases de uma das músicas do álbum "Dom Coragem - 2007" do Bless Fya, uma banda paulistana pedrada que mistura reggae com hip hop e dub num estilo todo próprio e totalmente criativo.
A banda surgiu em meados de 2006, com uma galera que já fazia parte da cena reggae de São Paulo e juntos descobriram seu poder para o reggae consciente e de excelente qualidade. 
O baixo representa nas marcantes chamadas do puro reggaestyle; o vocal é sensacional, diria hipnótico até, é o que mais puxa para a vertente hip hop, rápido com as palavras e todas encaixadas perfeitamente na melodia, tapa na cara de muita gente! Definitivamente passa o recado.
A Guitarra só confirma a pedrada musical e os solos são de arrepiar. Aqui, é o tipo de música que quanto mais tu escuta, mais quer escutar! É bom mesmo, pelo menos pra mim, traz uma força e tranquilidade capaz de mudar o mundo através de novas perspectivas. (Afinal, música é pra isso, é para abrir espaço na mente, para mudar a ideia bitolada, para contrariar o tabu, te fazer pensar e encontrar solução onde antes não havia alternativa. Se não for assim, não é música. É para liberar corpo e alma, para fazer balançar esqueleto e coração. As batidas devem acelerar seus batimentos, tem que te fazer querer ouvir repetidamente. Tem que fazer pensar, tem que dar força, tem que trazer novas sensações antes ignoradas, de alguma forma, deve abrir os olhos. Música é religião. A minha é!)
Teclados frenéticos também dão sensibilidade e ritmo ao estilo. A banda conseguiu criar através do clássico, um diferente estilo musical próprio.
E claro, a bateria, essa completa a liga e, de uma vez por todas, libera a alma de toda amarra, tira as angústias, bate forte no peito e te coloca no ritmo!
Minha preferida é Dom coragem e faço questão de colocar a letra aqui...reflita!


Dom Coragem - Bless Fya

Quero o pão repartido a todos irmãos
Quero som nos ouvidos toda atenção
Peço paz e respeito a quem tem o dom
Faz com alma e direito e trás o que é bom
Ao vivo tranquilo a cores no tom
De graça pra massa é satisfação
O bêbado gosta e sente emoção
O bico de costa não apoia a missão
Eu não preciso que me paguem pau
Não preciso das presenças que me fazem mal
Necessito a verdadeira vibração real
Do aplauso que é sincero e natural
Vivo da conversa do fundo do meu quintal
Sigo a estratégia do plano espiritual
Ouço as mensagens do profeta original
Sem malevolência turbulência infernal
Nem vem que tem, não preciso invejar ninguém
No clima to zen tá legal tô também
Na conversa de bar já não sei quem é quem
Do amigo ao inimigo tudo tem
A maldade canta como se fizesse bem
Irmãos escravizados que a cachaça faz refém
Irmãos acorrentados nessa vida sem vintém
No clima nosferatu* dessa terra de ninguém
Alguém tem que fazer bem quem que vai fazer quem que tem o dom coragem
Tem que fazer bem quem que vai fazer quem que tem o dom coragem
Tem que fazer bem quem que vai fazer quem que tem o dom coragem
Alguém que vá além salve nos também mas só quem tem o dom coragem

*Nosferatu = é um clássico expressionista do cinema mudo de F. W. Murnau (1922), baseado no célebre romande Drácula de Bram Stoker.


Para encontrá-los é um pouco mais difícil, eles não estão por ai na mídia e também não fazem questão (o que me alivia, assim mantém um trabalho sem influências midiáticas), mas dá para achar as letras, downloads e vídeos.


http://www.myspace.com/blessfya

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Los Hermanos

Poetas musicais! Essa é a minha definição para Los Hermanos, uma das bandas brasileiras que mais gosto. Me encanto com a percepção musical, com a audácia das misturas de instrumentos e influências, com as letras por vezes descabeçadas, mas que se pensadas a fundo, fazem todo sentido, pelo menos pra mim!
Me lembro a primeira vez que ouvi LH, estava no colégio ainda, tipo 7ª série e uma amiga não parava de cantar Anna Júlia e eu não aguentava mais ouvi-la cantar somente o refrão, até que fui atrás da música e a ouvi inteira, confesso que naquele momento não era tudo o que eu acho hoje, mas não era muito fã de músicas que levavam nome de alguém como título e até hoje não sou, enfim, gostei da pegada da música, mas não dei muita atenção não.
Eis que escuto outras músicas do CD, que comprei dois dias depois de ter escutado Anna Júlia por inteiro. Ai sim, me apaixonei! As letras, os solos de guitarra, sopro e toda aparência da banda, tudo me agradou, exceto Anna Júlia, que eu pulava todas as vezes que escutava o CD!
Eles foram crescendo como banda e compondo, na minha opinião, cada vez melhor. Sim, porque o que me atrai mais neles são as letras, a melodia vem na sequência coladinha, mas as letras são demais. São livros musicados. O carinho, as falas piegas e criativas de amor e vida. Gosto muito!
"Bloco do eu sozinho" é um dos melhores CDs.  Eu gosto da maioria das composições e das músicas, ah, as músicas, tenho dúvidas de qual seria minha preferida deles, são tantas! Cada uma para um momento! Mas, "Menina Bordada" é uma das tantas preferidas, é do primeiro álbum solo do Marcelo, tem uma letra curtinha e um instrumental que nos faz imaginar perfeitamente a tal menina bordada de flor rodopiando e florindo por aí! Vou colar a letra aqui e, por favor, escutem!





Menina bordada (Marcelo Camelo)
Menina bonita bordada de flor
Eu vi primeiro
Todo encanto dessa moça
Todo encanto dessa moça
Vai ver era só dizer a ela assim:
-Oi Moça, por favor, cuida bem de mim!
Ai, uma sutileza e simplicidade, que poucas palavras definem.


Aproveitando que essa música é curtinha, deixo outra também muito boa:


*A flor - (Marcelo Camelo)



Ouvi dizer
Do o teu olhar ao ver a flor
Não sei por que
Achou ser de um outro rapaz
Foi capaz de se entregar
Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim
Mas mesmo assim...
Minha flor serviu pra que você
Achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu...
Tua flor me deu alguém pra amar
E quanto a mim?
Você assim e eu, por final sem meu lugar
E eu tive tudo sem saber quem era eu...
Eu que nunca amei a ninguém
Pude, então, enfim, amar...vai!
Para encontrar as músicas e eles por ai, vários sites e blogs:


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dezarie

Calmaria e meditação. Essas são as palavras que identificam as músicas desta cantora de reggae nascida em St. Croix, nas Ilhas Virgens Americanas, ultimamente o berço dos maiores nomes do reggae roots mundial.  
Eu, particularmente, entro em transe quando a escuto, uma voz suave e melodias inspiradoras que acalmam qualquer pensamento em fúria ou coração trovejante.
São quatro CDs no total, além dos trabalhos feitos em conjunto com outras grandes bandas de reggae, como Midnite, com quem divide seu stúdio de gravação, inclusive.
As músicas de melodia dúbia, entre a leveza e a forte presença da batida reggae, passam seu recado. A voz, é de uma identidade singular e totalmente talentosa. inclusive, arrisco dizer que a voz dela é que ganha o poder pela música. Parece que a melodia se envolve em sua voz e só a partir dai é que surge a música de fato. Voz perfeita e marcante.
Som pedrada e de responsa, já que conta com o baixista do Midnite em seus dois primeiros CDs. Eu gosto muito do Gracious Mama Africa, de 2003. 
As letras sempre carregadas de história e de força ao negro, seu povo e sua terra, sempre agradecendo Jah pela força e poder de mudança, típico das tradicionais letras de reggae, muito bom conteúdo.
A natureza também ganha destaque nas letras pesadas de Dezaire, a conscientização do poder do povo e para o povo, dentro de suas terras, vencendo a Babilônica (como a terra e o capitalismo são chamados na cultura rastafari). 
São músicas que expressam a história do povo negro, da religião rastafari e da humanidade como um todo, refletindo sobre as mudanças e necessidades para um mundo mais tranquilo, justo e igualitário. 
Sim, ela também fala de amor, mas de uma forma única, sempre pesando para o lado humano. Vale a pena ouvir!
Música preferida, eu tenho várias! Portanto, aqui fica a dica de procurar por todos os CDs dela!
Para baixar:
 http://www.baixakireggae.com/2011/04/download-cd-dezarie-fya-2001.html


Para conhecer:
http://www.rastafaria.com/